A Mata Atlântica foi uma região submetida a eventos sequenciais de fragmentação de ambientes e consequente especiação de diferentes organismos, em parte devido a sucessivas mudanças no clima ocorridas no passado.
Muito embora a dimensão física dos efeitos das mudanças climáticas possua contorno bem definido (Crowley, 2000), o conhecimento sobre seus impactos na biodiversidade pode ser considerado insatisfatório. Há, porém, um consenso com relação ao fato de que os processos ecológicos e a distribuição, abundância e persistência de muitos organismos serão negativamente afetados (McLaughlin et al., 2002; Root & Schneider, 2006). Em nível global, respostas potenciais às mudanças climáticas têm sido examinadas, levando‐se em consideração, primordialmente, espécies e habitats específicos (e.g., Visser et al., 1998; Iverson et al., 1999).
As aves são um grupo de organismos particularmente sensíveis ao clima e, portanto, bons indicadores de alterações climáticas (Berthold et al., 2004). De acordo com Wormworth & Mollon (2006), há fortes evidências de que o aumento de 0.8°C registrado na temperatura global, no século passado, tenha impactado negativamente o comportamento, distribuição, dinâmica populacional e reprodução de algumas populações. A maioria das evidências indica que as mudanças climáticas esperadas por ocorrer até 2100 resultarão em mudanças na distribuição de espécies, declínios populacionais significativos, elevadas taxas de extinção, perturbações na relação com predadores, competidores e parasitas (Wormworth & Mollon, 2006) e no sucesso reprodutivo (Julliard et al., 2009).
As mudanças climáticas afetarão, também, a biodiversidade de forma indireta, em função, por exemplo, da elevação do nível dos oceanos e de mudanças no regime do fogo, na vegetação e no uso da terra. Em se duplicando a concentração de CO2 na atmosfera, admite‐se que as mudanças climáticas venham a ser responsáveis pela destruição de algo em torno de 35% dos habitats mundiais (Malcolm & Markham, 2000).
Via de regra, os estudos que se debruçam sobre os impactos das mudanças climáticas globais na biodiversidade apontam para três tipos de respostas básicas dos organismos: a) extinção; b) adaptação às novas condições de clima (fisiológica e/ou geneticamente); e c) deslocamento (migração) para regiões onde as condições climáticas pretéritas eventualmente prevaleçam.
Via de regra, os estudos que se debruçam sobre os impactos das mudanças climáticas globais na biodiversidade apontam para três tipos de respostas básicas dos organismos: a) extinção; b) adaptação às novas condições de clima (fisiológica e/ou geneticamente); e c) deslocamento (migração) para regiões onde as condições climáticas pretéritas eventualmente prevaleçam.
A extinção de espécies ocorre pela incapacidade dos indivíduos de se adaptarem, de imediato, às mudanças do clima, que transcorrerão em um espaço de tempo relativamente curto. No segundo caso, as espécies não seriam severamente afetadas ou, ao contrário, poderiam até se beneficiar, expandindo sua área de vida, em processos de adaptação pela seleção natural de genótipos mais afeitos às novas condições climáticas. No terceiro caso, as espécies responderiam às mudanças climáticas alterando sua distribuição no espaço, acompanhando as mudanças geográficas de seus respectivos nichos ecológicos.
A conservação da diversidade de ambientes naturais e da biodiversidade associada, entretanto, vem sendo severamente afetada por atividades antrópicas variadas, cujos reflexos negativos se manifestam no crescente número de espécies da fauna e flora vulneráveis ou criticamente ameaçadas de extinção na região. Neste cenário, os impactos das mudanças climáticas aumentam as chances de extinção, particularmente de espécies com reduzida ou ausente capacidade de locomoção, associadas a espaços geográficos restritos e particulares ou incapazes de efetuar ajustamentos fisiológicos.
Avaliar os efeitos das mudanças climáticas sobre a biodiversidade, porém, não é matéria trivial, uma vez que há um grau elevado de incerteza relacionado à congruência dos modelos climáticos futuros em relação aos modelos matemáticos que tratam da distribuição potencial de espécies.
De um modo geral, modelas as modelagens matemáticas não levam em consideração uma série de variáveis ambientais, tais como barreiras geográficas naturais (como empecilho a migrações) e processos ecológicos e evolutivos complexos (e.g., competição e mutualismo). Influências não‐climáticas de caráter antropogênico, como mudanças no uso do solo, fogo, pestes e doenças, são prováveis inibidores de dispersão, tratando‐se de variáveis que os modelos matemáticos, abertamente, ainda desconsideram (Figura abaixo). Dessa forma, a determinação da intensidade dos prejuízos à biodiversidade, em função das mudanças climáticas, encontra‐se em um estágio precoce, o que significa que as perdas podem ser muito mais significativas do que se prevê, atualmente.
De um modo geral, modelas as modelagens matemáticas não levam em consideração uma série de variáveis ambientais, tais como barreiras geográficas naturais (como empecilho a migrações) e processos ecológicos e evolutivos complexos (e.g., competição e mutualismo). Influências não‐climáticas de caráter antropogênico, como mudanças no uso do solo, fogo, pestes e doenças, são prováveis inibidores de dispersão, tratando‐se de variáveis que os modelos matemáticos, abertamente, ainda desconsideram (Figura abaixo). Dessa forma, a determinação da intensidade dos prejuízos à biodiversidade, em função das mudanças climáticas, encontra‐se em um estágio precoce, o que significa que as perdas podem ser muito mais significativas do que se prevê, atualmente.
Biodiversidade e Unidades de Conservação na Região Metropolitana do Rio de Janeiro: Apreciação Geral das Wulnerabilidades Face às Mudanças Climáticas.
Giovaninni Luigi | COPPE/UFRJ
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